O Ministério da Saúde recomenda que pessoas em viagem internacional, principalmente aos
países da Europa e aos Estados Unidos, não devem comer alimentos crus, sobretudo vegetais
e produtos de origem animal. O alerta decorre do registro de mais de 1,8 mil casos de
infecção pela bactéria Escherichia coli (E.coli), com 18 mortes, principalmente na Alemanha –
de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Não há nenhuma recomendação de restrição de viagem e é importante seguir as orientações das autoridades de saúde do país visitado.
Até o momento, não há registros de casos no Brasil. No entanto, conforme nota técnica
divulgada pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, profissionais
de saúde (da rede pública ou privada) devem estar atentos a pacientes com histórico
de viagem internacional, nos últimos 30 dias, principalmente à Alemanha; e que apresentem
fortes cólicas abdominais e diarreia com sangue. Esses são os principais sintomas que surgem
nas pessoas infectadas por um tipo mais agressivo da bactéria – chamado E.coli
enterohemorrágica.
Ainda segundo a nota da secretaria, o serviço de saúde deverá coletar amostra de fezes
do caso suspeito e encaminhar para a vigilância epidemiológica municipal ou estadual. As
autoridades locais de saúde (Secretarias Estaduais e Municipais), além do próprio Ministério
da Saúde, devem ser notificadas do caso suspeito em até 24 horas, por telefone, para que
a investigação epidemiológica comece.
Nos casos suspeitos, está contraindicado o tratamento com antibióticos e antidiarreicos,
medicamentos que podem agravar o quadro do paciente. O tratamento recomendado
restringe-se a hidratação e medidas de suporte necessárias, conforme avaliação médica.
Desde o surgimento dos primeiros casos na Alemanha, autoridades de saúde europeias têm
investigado a origem da contaminação. Especula-se que a fonte primária tenha sido alguns
tipos de vegetais, como pepino, tomate ou alface. “Mas as investigações epidemiológicas
ainda estão em curso e é prematuro responsabilizar algum produto pela transmissão
da bactéria na Europa”, adverte o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério, Jarbas
Barbosa.
Segundo a OMS, a maioria dos casos ocorridos fora da Alemanha, incluindo os dois
dos Estados Unidos, está vinculada a pessoas que estiveram no país europeu, especialmente
Quem viaja ao exterior deve evitar alimentos crus e reforçar hábitos de higiene, como lavar as mãos
antes das refeições; depois de usar o banheiro e do contato com animais; e antes de preparar,
servir ou tocar os alimentos. “E isso deve ser a regra, não a exceção. É muito importante
também certificar-se de que o alimento foi feito de maneira adequada, evitando comer em
ruas e feiras, locais onde geralmente não se tem segurança quanto à qualidade do preparo”.
Consumir apenas água potável e alimentos bem lavados
Manter a limpeza durante o preparo dos alimentos
Separar alimentos crus de cozidos (durante o preparo)
Cozinhar completamente os alimentos (acima de 70º C)
Manter os alimentos em temperaturas seguras
A Escherichia coli (E. coli) é uma bactéria encontrada naturalmente no intestino de humanos
e animais. A maioria das cepas de E. coli são inofensivas, mas algumas podem causar graves
doenças transmitidas por alimentos, como é o caso da E. coli enterohemorrágica (EHEC). Este
tipo de E.coli produz duas toxinas, chamadas “verotoxina” ou do tipo “Shiga”. Por isso, a
bactériaenterohemorrágica é também denominada de E. coli produtora de verotoxina (VTEC)
ou E. coli produtora de toxina Shiga (STEC).
Os principais sintomas da doença provocada pela E. coli enterohemorrágica são cólicas
abdominais severas e forte diarréia, inclusive com presença de sangue. Vômitos e febre
também podem ocorrer.
O período de incubação, isto é, o tempo entre a transmissão e o início do aparecimento
dos sintomas varia de três a oito dias. A maioria dos infectados recupera-se em até dez dias.
No entanto, em pessoas mais vulneráveis, como idosos e crianças, a infecção pode agravar-se,
levando à Síndrome Hemolítica Urêmica (SHU) – caracterizada por falência renal aguda,
anemia hemolítica (decorrente da destruição anormal das hemácias) e trombocitopenia
(redução no número de plaquetas, responsáveis pela coagulação do sangue).
A E. coli enterohemorrágica possui diversos sorotipos. Entre eles, o “O157:H7”, bastante
conhecido e de relevância para a saúde pública; e o “O104:H4”, um sorotipo raro e que está
associado aos casos que vêm ocorrendo na Europa e nos EUA.