terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O problema das autopeças


Com as montadoras demandando elevada quantidade de autopeças e as distribuidoras sempre brigando por preço em itens de alto giro de estoque, as fabricantes tentam sobreviver, mas quem sofre é o reparador, que paga mais caro para atender ao dono do carro.
No primeiro trimestre deste ano, a CINAU (Central de Inteligência Automotiva), unidade de negócios de pesquisas do Grupo Germinal, mediu variação de preços de 6,3% na ponta da cadeia do aftermarket automotivo. Isso significa que o reparador, neste primeiro trimestre, gastou mais para exercer o ofício.
Existem muitas explicações para isso. Uma delas pode ser consequência direta do aquecimento do mercado automotivo, puxado pela alta demanda de vendas de veículos zero km. Segundo dados da Anfavea, o mês de março foi o melhor da história da indústria no Brasil, com vendas de 353,7 mil unidades e produção de 331 mil veículos.
Em relação ao mês anterior, fevereiro, foi um crescimento de 60,1% nas vendas e 32,5% na produção. Já em relação à março de 2009, o aumento de vendas foi na ordem de 30,3%, e 20,3% na produção.
Com os números de março, as montadoras brasileiras venderam 788 mil unidades no primeiro trimestre de 2010, e produziram 826,7 mil veículos no período, um crescimento de 17,9% nas vendas, em relação ao primeiro trimestre de 2009, e de 24,4% na produção.
De forma simplista, é possível dizer que as montadoras tem consumido grande parte doa produção da indústria de autopeças, que não consegue abastecer o aftermarket e, por isso, alguns itens começam a ter maior procura do que oferta. Como resultado, o preço sobe.
Fontes do mercado indicam que já começam a ficar escassos nas prateleiras das Casas de Peças de varejo e atacado produtos como embreagem, rolamentos e amortecedores. Assim, nesta linha de raciocínio, quem tem o produto cobra o quanto quiser. Como ter certeza de que 100% do que as montadoras compram vão para a linha de montagem? O quanto deste montante é destinado à reposição no balcão do concessionário? Ninguém sabe ou quer dizer.
Uma enquete feita recentemente pelo jornal Oficina Brasil revelou que para o reparador, o preço é o quarto item mais importante, em uma lista de cinco. Em primeiro lugar, vem a rapidez na entrega, em segundo, a garantia, e em terceiro, a variedade de estoque. 
Oras, se preço é o quarto colocado e a rapidez na entrega é o primeiro, e se o varejo não tem para entregar e a concessionária sim, quem está com a vantagem? Neste cenário, a indústria de autopeças está trabalhando a todo vapor, vendendo tudo para a montadora, que está abastecendo linha de montagem e a o mercado de reposição via balcão do concessionário.
Onde entra o distribuidor e o varejo? Não entra, ou entra com produtos alternativos. E, uma vez que indústria como um todo está de olho no que vende mais (peças para carros populares, que são maioria no mercado de reposição), deixa para lá os produtos de maior valor agregado.
E ai, mais uma vez, quando o reparador precisa de um componente mais técnico ou uma peça para um veículo mais sofisticado, somente a encontra na concessionária, pois o varejo não acha para comprar, porque a distribuidora não tem interesse de comercializar itens de baixa liquidez e maior valor agregado, pois o que importa é a rotatividade do estoque.
Quem, então, ganha dinheiro com aftermarket? A loja de varejo ainda é considerada a principal aliada do reparador, a que melhor atende. O distribuidor é quem tem o melhor preço, mas as concessionárias já detêm 18,4% do fornecimento de autopeças para as oficinas.
Em outras palavras, o varejo trabalha para atender bem, e leva um pedaço do bolo, o distribuidor se especializou em comprar barato e vender barato, mas para isso limitou o processo aos itens de maior liquidez, então tem margem apertada; e as concessionárias nadam de braçadas, pois compram barato da montadora, que compra mais barato ainda do fabricante de autopeças, e vendem ao preço que acham mais interessante, principalmente os itens mais técnicos que as distribuidores ignoraram, pois têm baixa rotatividade de estoque e, por consequência, o varejo também não. E, como para o reparador preço vem em quarto lugar, a percepção de aumento do valor das peças faz todo sentido.

Tostines
Tal como ocorre com o biscoito, qual é o problema do aftermarket? Não tem porque não vende ou não vende porque não tem? Ambos, porque quem tem, vende. A indústria hoje é refém. Por um lado, a montadora, que ganha em preços pois se utiliza da grande demanda, e quando pode, usa a arma da importação, principalmente em momentos como o atual, de câmbio favorável. Por outro, no aftermarket, fabrica apenas o que o cliente, distribuidor, compra: peças de alto giro.
A concorrência no segmento de peças da Curva A é imenso. São na sua maioria peças de baixo valor agregado, em que centavos fazem a diferença. Quem sai prejudicado com isso? O dono do carro. E quem sai com a imagem arranhada? O reparador, que cobrou mais caro porque não tinha opção de peça para comprar, a não ser a mais cara, vendida na concessionária.

Expectativa
Com o mercado automotivo em geral aquecido, é de se esperar que 2010 seja excelente também para o aftermarket, ainda mais com a inspeção veicular ambiental na cidade de São Paulo, que tende a puxar para as oficinas um número maior de veículos que antes passavam longe da porta do reparador.
Mas, pode ser que seja excelente apenas para alguns, e nem tanto para outros. O mercado de reparação, assim como as montadoras de veículos, estão compradoras, o que na linguagem de mercado significa demandando mercadoria, produtos. Precisam se abastecer para manter a roda funcionando.
Porém, enquanto alguns elos da cadeia disputam migalhas, e ignoram o fato de que as oficinas precisam muito mais do que apenas peças de Gol ou Palio, é possível dizer que o aftermarket vive uma crise, sim, constantemente, e que uma hora, isso pode se agravar, pois ainda há elementos que não chegaram com força, mas irão aparecer, tal como já surgem nas montadoras: a importação de autopeças.

Mais concorrência
Estudo do Sindipeças apresentado durante a Automec Pesados & Comerciais, revelou um dado curioso: a indústria de autopeças nacional não tem acompanhado o ritmo de crescimento da produtividade e vendas de veículos zero km. 
De acordo com o sindicato, em 2009, quando foram licenciados 3,1 milhões de veículos no País, o faturamento real de autopeças foi de R$ 69,74 bilhões. Para efeito comparativo, em 2008, quando o número de carros vendidos foi de 2,8 milhões de unidades, o faturamento da indústria de autopeças foi de R$ 74,41 bilhões.
Em outras palavras, a venda de carros cresceu, mas o faturamento das fabricantes de autopeças diminuiu. O que aconteceu? O preço na indústria caiu? Pode ser. Outra possibilidade é o aumento da importação pelas montadoras, em detrimento da indústria nacional.
Inclusive, o presidente do Sindipeças, Paulo Butori, já encaminhou para o governo Federal proposta de revisão da alíquota de importação de autopeças, numa tentativa de proteger a indústria nacional frente ao câmbio. Com o dólar a R$ 1,80, em média, é mais barato importar do que fabricar no País.

Ao que tudo indica, o Sindipeças obteve uma primeira vitória, pois dias depois, o Governo Federal anunciou algumas medidas como a redução do desconto na importação de autopeças pelas montadoras que chega a 40%. Infelizmente o governo ainda não informou de quanto será esse redutor, mas a medida tem prazo para entrar em vigor: seis meses.
Outra ação do Sindipeças para tentar frear a entrada indiscriminada de autopeças estrangeiras no país é a certificação, com a exigência de níveis mínimos de qualidade. Em qualquer país do mundo este tipo de ação é tomado, exceto aqui, salvo alguns poucos itens, como pneus e capacetes, entre outros.
Mas o que tudo isso tem a ver com o aftermarket e porque esta indústria corre perigo? Tem tudo a ver. Com a produção de veículos zero km em alta, grande parte dos fabricantes de autopeças tem voltado a produção para atender as montadoras. 
Algumas já não conseguem abastecer o aftermarket tão bem quanto antes e, com o aumento da importação de peças pelas montadoras em detrimento ao produto nacional, simplesmente porque é mais vantajoso financeiramente, o nível de investimentos da indústria brasileira de autopeças será menor, e consequentemente a produção não crescerá, a oferta se manterá estável diante de uma demanda maior.
Para a montadora, pode ser que os preços não se elevem, mas na reposição sim, pois como o aumento da demanda, os preços sobem. Com preços mais atrativos no aftermarket, e com o câmbio favorável, surge um novo competidor, o importador, que antes atuava em poucos mercados, apenas onde ele via oportunidade, mas, agora a oportunidade está em todos os lugares.

Assim, é preciso ficar atento a quem realmente puxa a demanda e, muito além de saber se o reparador está consumindo, é saber o que ele tem comprado e onde. Pois se a CINAU mediu variação de preço de 6,3% na ponta da cadeia um fato é certo: as oficinas estão com os pátios ocupados com veículos que precisam de peças para realizar a manutenção e, se no varejo não tem peça, ele vai onde tem, e se precisar, paga mais caro por isso.

Se há uma crise, ela é de estratégia, porque uma parte dos atores do aftermarket está desconectada da realidade da oficina.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Desabamento


O desmoronamento de três prédios no centro do Rio de Janeiro, há duas semanas, e o desabamento parcial de um edifício comercial em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, na segunda-feira (6), podem levar o mercado de seguros a criar um novo produto, que cubra esse tipo de sinistro. 

Atualmente, o chamado seguro garantia cobre riscos de engenharia, entre os quais desmoronamentos ou erros de projeto, mas apenas na fase de construção do imóvel. Mas não cobre desabamentos quando o edifício já está pronto. O construtor responde por eventuais problemas ao longo dos primeiros cinco anos da edificação.

Para o presidente do Clube dos Corretores de Seguros do Estado do Rio de Janeiro, Amílcar Vianna, "caberia aos moradores ou proprietários dos imóveis buscar essa cobertura”. 

Ele lamentou que o mercado ainda não ofereça um seguro específico para desabamentos, levando-se em conta as perdas econômicas das pessoas que tinham patrimônio nesses prédios e que, de uma hora para outra, acabam perdendo tudo. O tema está sendo discutido pelos corretores e será levado às seguradoras para que incluam esse tipo de cobertura entre os produtos ofertados. 

Não há impedimento legal para que isso ocorra. Segundo Viana, "falta entendimento do segurador para ofertar esse tipo de risco, como do mercado de comprar”. Ele ainda lembrou que, há muitos anos, a Susep (Superintendência de Seguros Privados) lançou cobertura ampla para seguros de condomínios, que incluíam desmoronamento. O que ocorreu é que essas coberturas elevaram o valor das apólices.

- Tanto os consumidores não compraram, porque era muito caro, como os seguradores preferiram ficar nos riscos que já conheciam: incêndio, responsabilidade civil, danos elétricos, que tradicionalmente são contratados.
Para Viana, os desabamentos no centro do Rio de Janeiro e em São Bernardo do Campo podem mostrar às empresas que há mercado para seguros contra desabamentos. E lembrou que, no século 17, o incêndio que devastou Londres foi o impulsionador desse tipo de seguro na Inglaterra

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Mulheres e crianças primeiro!


Segundo o jornal italiano Il Sole 24 Ore, o grupo Costa Crociere, proprietária do cruzeiro Costa Concordia, tem uma apólice com cobertura de 450 milhões de euros para danos na embarcação e outros US$ 3 bilhões para indenizar danos causados a passageiros e tripulantes.
Ainda segundo o Il Sole, a Generali, maior grupo segurador da Itália, informou que é apenas uma das companhias de um grupo de empresas de seguros e de resseguros responsáveis pelo contrato de seguro do grupo Costa Crociere. De acordo com a imprensa internacional, o pagamento da indenização não afetará os preços das renovações de seguros de navios de cruzeiro, uma vez que o risco está pulverizado em várias companhias.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Recall: VW Spacefox tem falha nos cintos traseiros


A Volkswagen esconvocando os proprietários de 6.731 unidades do Spacefox 2012 para averiguação e possível substituição dos cintos de segurança laterais do banco traseiro. Segundo a marca, microfissuras identificadas nas peças podem podem levar a falha na retenção dos ocupantes dos bancos, afetando sua proteção em colisões dianteiras.
A convocação envolve os veículos ano/modelo 2012 com numeração de chassis de CA 500 000 até CA 521 803, e de C4 017 407 até C4 072 594.
A empresa se comprometeu a enviar correspondências aos proprietários informando sobre a convocação. Para mais informações, a VW ainda oferece a Central de Relacionamento com Clientes pelo telefone 0800 019 5775 e o site oficial www.vw.com.br.
Fonte: AutoEsporte