Os caminhões não representam nem 5% da frota dos veículos no Rio Grande do
Sul, mas estão envolvidos em 24% dos acidentes com morte. O cansaço e as longas
viagens são apontados como as principais causas.
Segundo levantamento divulgado pelo Departamento de Trânsito do Rio Grande do
Sul (Detran-RS), dos mais de 900 acidentes com morte no estado de janeiro a
junho deste ano, 219 envolveram pelo menos um caminhão. De acordo com a Polícia
Rodoviária Federal, o principal motivo é a quantidade de horas do motorista ao
volante. “A gente acredita que é o excesso de trabalho a que os motoristas
são
submetidos. São muitas horas e
muitas vezes eles ganham por produtividade”, aponta Antônio Marcos Martins
Barbosa, chefe de Policiamento e Fiscalização da PRF.
O Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística (Setcergs) diz
que os motoristas têm responsabilidade, mas atribui o alto número de acidentes
às condições das estradas gaúchas. “Nós atribuímos que grande parte disso se
deve à falta de infraestrutura que nós temos nas nossas rodovias, essencialmente
à falta de duplicação das estradas”, avalia o vice-presidente Frank Woodhead. “A
responsabilidade é individual, é pessoal, é intransferível do condutor do
veículo, no que tange à velocidade, aos
cuidados prevencionistas”, contesta Ildo Mário Szinvelski, diretor técnico do
Detran-RS.
O que poderia ajudar a diminuir o número de acidentes é o cumprimento da lei
federal que entrou em vigor em junho e regulamenta a profissão dos
transportadores. A legislação prevê uma pausa a cada quatro horas de viagem,
intervalo para refeições e descanso diário de 11 horas por dia.
A fiscalização começa em setembro, mas grande parte dos caminhoneiros
acredita que não será possível cumprir as exigências. “O Brasil começou a ter
um aperto no tempo de entrega nas peças, que é impossível de cumprir se não
viajar 24 horas”, Paulo Roberto Barck, presidente do Sindicato dos Empregados
em Transporte Rodoviário de Cargas no RS.
No final de julho, a categoria fez protestos contra a nova lei, que, segundo
o diretor do Detran, ainda precisa de ajustes. “É necessária a adequação da
norma federal com locais de descanso adequados, para que ele possa colocar o
seu caminhão e descansar”, pondera Ildo Mário Szinvelski.
No estado, 85% das cargas são transportadas pelas rodovias. No Brasil, o
índice é de 68%.
Fonte: Globo.com